domingo, 8 de abril de 2012

Visitas a ala da morte


Visitas  a ala da morte 

Caminho até o ponto  de ônibus 
O sol ,a neblina da manhã ,tudo se tornou estranho
O que antes  era   rotina  agora tem horário marcado
Aguardo na sala de espera ,o  momento  de entrar
Percorro lentamente  corredor, parece ter quilômetros
Me distraio observando os enfermos ,muitos  já sabem  seu destino
Os segundos  parecem  horas ,para quem tem pressa de partir.
Nos leitos assuntos se repetem , expressões faciais tensas  
Escondidos  acendiamos  um cigarro , não faz  diferença
Após as  mutilações, a morfina também não faria .
Com o tempo se  cansou de tudo , deitou  e calou
Imune a falsas esperanças , me  olhava ,num gesto lúcido.
Pedindo . Desligue o botão !
Volto para casa , nada posso fazer, prossigo meu viver 
E um  dia se passa , ao cair da noite o esperado telefonema
Acabou  a tinta  na pena ,encerra - se o poema. 
O  anuncio do beijo da morte  morte  se faz 
Relaxo , com o fim  posso descansar em paz

( JM sobre fatos passados )

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